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Verônica Fortunato Publicações

Projeto: Um dia, Um Poema

DIA 01

Se me perguntares como estou hoje

Não terás uma resposta.

O que estou a sentir é novo, primitivo

Por mim ainda desconhecido

Não há tristeza, tão pouco alegria

Não estou preenchida, tão pouco vazia.

Pensamentos quase não há

Sentimentos, bem, não sei explicar.

O coração bate, tranquilo e compassado  

O ar me preenche e esvai-se moderado

Meu olhar mantém-se despreocupado

Meu corpo permanece pleno e relaxado.

Uma música preenche meus ouvidos,

Não abrigo nem expulso os sonidos.

Essa melodia sem voz, vinda de dentro,

Sem significados, suave como o vento

Não me ajudaria a te responder

O que desejaria de mim saber

Pois tudo parece completo e pleno

E ainda assim, incerto e incompleto

Não estou tensa, nem leve com o que vejo

Apenas absorvo e aceito.

Nesse instante apenas existo

Observo o todo e me sinto todo

Sem julgamento, medo ou dúvida

Incrivelmente sem culpa.

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As datas que comemoramos

Quando nasci, antes mesmo de compreender o que estava acontecendo, olhos alheios encontraram meu corpo mirrado e, sem quase me olhar, rotularam: homem ou mulher. Não sabem quem guardo na alma ou quem sou.

Os seres que criaram o caminho para minha chegada escolhem um nome, sem me perguntar como gostaria que me chamassem, e nem sempre este nome é um presente bem-vindo.

Me vestem, e com sutileza, me condicionam a usar as roupas que mais convém. Mas pergunto, à quem? Não perguntam à minha essência quem sou, apenas condicionam através da rasa observação. Não é minha aura que veem e sim minha pele.

Essa pele que para mim não tem cor, para o mundo diz até onde posso ir, e com isso cortam, ou cultivam, minhas asas. Quanto mais escura ela for, menos poderei seguir livremente. Levemente. Alguém, em algum momento, determinou grande parte do que posso ser só pela cor da pele que nem escolhi ter, mas que tenho orgulho e contribui para aquilo que verdadeiramente sou. Essa pele, que pelo olhar do outro, já cria barreiras, sem nem barreiras ter.

Não nasci mãe, pai, irmão. Não vim com rótulo especial e pré-determinado. Não vim como tio, avô, marido, mulher ou macho.

Vim com a capacidade de ser um Ser gentil, frágil, determinado, invicto, forte, teimoso, ambicioso (querendo superar-se sempre), que dá amor, que cultiva a empatia, ou não, se eu assim decidir. No meu nascimento, todas as capacidades chegaram comigo, o mundo em que cheguei é que alimentou umas e destruiu outras, e eu nem pude escolher quais.

Essas denominações criadas por nós, seres humanos civilizados, podem nos libertar ou nos aprisionar, cabe a cada um entender o que quer, e quem quer ser.

Entenda e encontre sua essência. Lá no seu íntimo só você sabe e compreende. Renomeie-se, autodenomine-se.

Redefina sua presença neste mundo físico e social.

Quem você é? Ele ou Ela, mãe ou pai, amigo, irmão, tio. Transborde o seu feminino e o seu masculino da forma que quiser. Seja indivíduo e coletivo.Seja. Respeite-se.

Nesta luta, nesta busca não estará só. Estou aqui.

Seja mãe no dia das mães e ame. Seja pai no dia dos pais e cuide. Seja criança em outubro e divirta-se. Apaixone-se em julho, mesmo que por você mesmo. Seja o que desejar ser. Mas por favor, Seja!

Pois antes de sermos todas essas descrições e explicações humanas do homem, antes de sermos a fêmea ou macho, somos um ser em nossa essência.

E se decidir ser pai. Feliz dia dos Pais. Se decidir ser mãe. Parabéns!

Porque sempre haverá a mãe mais macho que muito homem e muito pai mais sensível do que muita mulher. O que realmente importa é Ser Humano em toda a sua humanidade.

Parabéns, hoje é seu dia!

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